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Foto do escritorAdrielly Bueno

Poderosas Artemísias!

Durante esta semana (22/06/2020) fiz uma enquete em meu instagram (@abcorpoemente) onde, nos stories, 100% dos seguidores responderam desconhecer a planta Artemísia.

Para trazer informações científicas sobre ela, comecei a estudar alguns artigos acadêmicos, pois, além de conhecer suas propriedades no uso de aromaterapia, em meu consultório apenas a utilizava em forma de bastão (moxa) para acupuntura.

Nessa trajetória deparei-me com conteúdos sobre outras Artemísias pouco conhecidas por mim e, por isso, optei por apresentá-las aqui.


Os primeiros resultados de minha busca retornaram Ártemis (Artemisa ou mesmo Artemísia, na Roma antiga era conhecida como Diana), deusa grega da caça e da lua. Filha de Leto e Zeus, irmã gêmea de Apolo, nasceu um dia antes do irmão e ajudou sua mãe no parto.

Identificada como deusa Lunar, no templo de Éfeso era cultuada como deusa da fertilidade.

Ártemis tinha a bondade de curar e suavizar o sofrimento daqueles merecedores.

A deusa era intocável, inviolável e inabalável nos assuntos do coração, sendo assim, nunca foi casada e nem teve filhos.

Detalhe da estátua de Ártemis (Diana) no Museu do Louvre, em Paris.


Logo após nascer, Ártemis não só decidiu jamais amar em sua vida como também ordenou a todas as ninfas que andavam com ela a fazer o mesmo.

Talvez o mais próximo de ter sentido algo por alguém, tenha sido por Órion. O gigante era belo, extremamente devoto a Ártemis, companheiro, caçador e despertou os ciúmes de quem não deveria: seu próprio irmão.

Apolo apostou com a irmã que ela seria incapaz de acertar um alvo qualquer no oceano. A primeira coisa vista pela deusa foi a cabeça de Órion e, sem dar-se conta de quem era, acertou uma flecha fatal no gigante. Ártemis sofreu muito com a morte de seu fiel companheiro e colocou-o no meio das constelações.

Seu culto na Grécia Antiga era tão importante que a deusa Ártemis ganhou no século VI a.C. um enorme templo na antiga cidade de Éfeso, hoje reconhecido como uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.

Sua história - aqui resumida, mas muito mais interessante que aquela apresentada nos filmes da DC – logo trouxe a minha recordação algumas propriedades da erva objeto de meu estudo: cura, força, suavização da dor...

Continuando minhas pesquisas, deparei-me com outra mulher forte e homônima da erva a qual buscava conhecer mais: Artemisia Gentileschi.


Nascida em 8 de julho de 1593, em Roma, teve um status único: a primeira mulher a ser aceita na Academia de Belas Artes de Florença.

Filha do pintor Orazio Gentileschi (Orazio Lomi; 1563–1639) – amigo pessoal de Caravaggio (1571–1610) e um dos maiores caravaggistas italianos – e Prudentia Montone (que morreu quando Artemisia tinha 12 anos), foi vítima de estupro na juventude, pelo seu tutor - Agostino Tassi - pintor amigo de seu pai. Nunca justiçada, enfrentou todo tipo de preconceito para prosperar num ofício tido como exclusivamente masculino.

O caso foi levado à corte e num julgamento que se arrastou durante sete meses, Artemisia foi humilhada e severamente torturada, enquanto o agressor, apesar de ter sido condenado ao exílio por cinco anos, nunca cumpriu a pena.

Sua carreira durou 40 anos e um dos primeiros trabalhos conhecidos da pintora foi realizado aos 17 anos e trata-se de uma pintura denominada Susana e os Velhos, que representa uma passagem bíblica.

Artemisia GENTILESCHI (1593–1652/53)

Susana e os Velhos, 1610 Óleo sobre tela, 170 x 121 cm

Schloss Weissenstein, Pommersfelden, Alemanha


Passou a vida pintando e chegou a ter certa fama, mas caiu em profundo e longo esquecimento após sua morte, em 1654, em Nápoles.

Foi apenas na segunda metade do século 20 que sua arte começou a ser novamente apreciada por alguns críticos e seu nome, desenterrado. Mas sua "ressurreição" mesmo ocorreu com sua conversão em ícone do movimento pela igualdade de direitos entre homens e mulheres.

Sua história veio a tona depois de mais de 200 anos pelo livro – “Artemísia” por Anna Banti, Romance biográfico – em 1940, que antecipa os movimentos feministas da artista, onde pintou mulheres fortes.

Artemisia já tinha começado a pintar figuras femininas fortes, inspirada tanto pela Bíblia quanto pela mitologia, mas com uma nova perspectiva: a feminina.

Artemisia GENTILESCHI (1593–1652/53) Judite decapitando Holofernes, c. 1611-12 Óleo sobre tela, 158,8 x 125,5 cm Museo Nazionale di Capodimonte, Napoles, Itália

Novamente deparei-me com uma mulher forte, capaz de brotar em meio a uma sociedade predominantemente machista como uma artista e ter seu talento reconhecido, ainda em vida!

Lendo sobre essas Artemísias, não pude deixar de me recordar de um dos mais belos nomes pela qual a erva que estava pesquisando é conhecida: Erva da mulher!


Artemisia vulgaris, originária da Ásia, é uma espécie daninha infestante que pode causar grandes problemas para a agricultura. Contudo, é utilizada como medicamento natural devido à sua rica composição de compostos bioativos.

(*Shutterstock)

Conhecida como também como erva milagrosa, recebe ainda os nomes populares matricária, artemija, rainha das ervas, erva de São João, camomila do campo, losna, isopo-santo, losna brava, absinto, flor de São João, urtemige e erva de fogo.

Considerada a erva que desperta o feminino, é usada na ginecologia natural para tratar a TPM, menopausa e outros desequilíbrios ginecológicos.

Dentro da Medicina Chinesa, nas literaturas, além de curar a parte física reequilibra o espírito. Na acupuntura (método terapêutico antigo, utilizado há aproximadamente cinco mil anos) ela é utilizada na moxabustão.

"A moxabustão é um método terapêutico que visa utilizar determinadas substâncias ou ervas para aquecer pontos de acupuntura ou áreas do corpo a serem tratadas. O calor resultante deste processo produz estímulos que regularizam as funções fisiológicas, por intermédio dos meridianos. A matéria prima mais utilizada para se fazer a moxa é a folha da planta Artemísia vulgaris, que possui propriedade antiinflamatória, cicatrizante, dispersa o frio e a umidade, regula a circulação e a energia. Existem várias técnicas para a utilização da moxabustão, desde a aplicação de cones acesos colocados diretamente sobre os pontos ou áreas selecionadas, até bastões de moxa de vários tamanhos que são posicionados sobre a região a ser tratada, sem tocá-la" (YAMAMURA, 2001)

"Na medicina popular é reconhecida por seus efeitos analgésicos, antiespasmódicos e anticonvulsivos, sendo empregada também para dispepsia, astenia, epilepsia, dores reumáticas, febres, anemias e como vermífugo. Na composição química destacam-se o óleo essencial rico em terpenos (cineol e tuiona), flavonóides, taninos, saponinas, resinas, princípios amargos e artemisina que vem sendo testada com resultados promissores contra malária" (Lorenzi & Matos, 2003).

Nos séculos passados, foi considerada uma erva mágica com poder de afastar a negatividade e promover o desenvolvimento de poderes psíquicos e estados psíquicos.

Propriedades do Óleo Essencial de Artemísia

Mente: Traz autoconfiança e ajuda a dizer “não” – conduzindo a uma estabilidade emocional.

Corpo: Os efeitos calmantes e relaxantes sobre o cérebro e o sistema nervoso podem acalmar um ataque epilético ou histérico quando ocorrem. Controla o ciclo menstrual, assim como seus sintomas – dores de cabeça, cansaço, dores abdominais, náuseas. Ajuda também nos sintomas da menopausa, é um óleo muito usado para problemas femininos, controlando seus hormônios. É um ótimo diurético, agindo principalmente em quadros de hipertensão, obesidade e acumulo de toxinas no corpo.

Pele e para os cabelos: Eczema, acne e psoríase, muito útil na queratose actínica, reduzindo a produção anormal de células e promovendo o crescimento de células saudáveis.

Principais indicações: Emenagogo, regulador do ciclo menstrual, antiespasmódico, colagogo, Tônico, vermífugo (tênia, lombrigas e oxiúros), antibacteriana, diurética, hemostática e estomacal, anti-epilético, anti-histérico, digestivo, sedativa, antiinflamatória e calmante.

Não fazer uso de chá ou óleos essências sem consultar um profissional da área, doses excessivas podem provocar neurotoxicidade.

Quem não deve consumir/ingerir/inalar: gestantes e lactantes.

Ártemis ou Artemísia, Artemisia Gentileschi e Artemisia vulgaris: deusa, mulher e planta.

Referências

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